Como escreveu Mário Quintana: [...] Um poema não é para te distraíres como com essas imagens mutantes dos caleidoscópios. Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe Um poema não é também quando paras no fim porque um verdadeiro poema continua sempre... Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Semeadura
O futuro túmulo, nem escavado,
Ainda chão, sem mais nem nada,
Seco ou, na chuva, enlameado,
Pasto da grama que brotava,
Por entre os sulcos do cercado,
Como da cerca de uma casa,
Vivia em repouso decantado,
Sem saber o que esperava.
Quando, enfim, tempo chegado
De servir ao que prestava,
O que lhe havia reservado
O destino que mandava.
Não era o algaravio do arado
que em sulcos lhe rasgava
o ventre retangular.
Mas o esquife lacrado,
Qual semente que tornava
Depois de frutificar.
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