quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Consolação


Solene insone da urbana mata,
Das pedras tortas da calçada,
Deita no chão frio que abole
A moleza das carnes difamadas.
Olha o dossel das árvores gigantescas,
Móbile da coruja solidária
E pensa tu também que está
No ninho, como passarinho
Em noite enluarada.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pastoreio

Levemente infenso ao que é normal
Vou tocando palavras do rebanho,
Achando às vezes tudo bom, tudo infernal,
No acidente eterno em que componho.

E nesse mar de algas naturais
Em que afogo mágoas sem tamanho,
Vou lançando minha rede nos corais
E tocando em águas-vivas do meu sonho.

Só me queimo quando acho tudo feio
E me fogem as reses todas que campeio
Qual vaqueiro sem gibão no espinhal.

Mas nunca penso em desistir do pastoreio
Pois circulando pelo campo sem receio
Encontro pedras preciosas no quintal.