Como escreveu Mário Quintana: [...] Um poema não é para te distraíres como com essas imagens mutantes dos caleidoscópios. Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe Um poema não é também quando paras no fim porque um verdadeiro poema continua sempre... Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras!
domingo, 26 de julho de 2009
Aquiles e a Tartaruga (ou A Encruzilhada)
Já não tenho mais o lenitivo da ignorância,
Nem espero imantada genialidade.
Já não creio nos senões que a esperança
Planta aleatoriamente em mocidade.
Estou sempre a meio passo da bonança
E em cada passo surda ansiedade,
Mas se colocar meus passos na balança
Verei que nada caminhei, dura verdade.
Sou como a seta imóvel em cada instante,
Sou como Aquiles perdido entre metades,
Imaginando um movimento entediante
Que sempre se cogita, mas não parte,
E a ver o alvo tanto mais distante
Quanto mais errante o passo sem vontade.
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