Contemplo o teu rosto, calado,
Como quem olha um espelho insincero,
Em que a pessoa que vejo é a que espero,
Em nada distorcido ou mudado.
E assim sigo vendo o que quero,
Como quem segue sempre vendado,
Para enfim enxergar, magoado,
Que nada mais fui que um cego.
É que olhei, mas não vi o olhar,
Escutei, mas não ouvi qualquer voz,
E falei sem saber ecoar.
Nem sequer percebi, tão feroz,
No reflexo da imagem a cegar,
Minha própria figura de algoz.
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